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A Contribuição de Bion para a Formação do Analista

  • Foto do escritor: Silvana Souza Silva
    Silvana Souza Silva
  • 3 de set.
  • 2 min de leitura

Por Silvana Souza Silva

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A obra de Wilfred Bion, um dos grandes nomes da psicanálise, vai muito além de seus livros. De acordo com Antonio Muniz de Rezende, Bion é um verdadeiro formador de analistas, e seu trabalho pode ser um guia completo para o desenvolvimento profissional e pessoal. Mesmo sem ter se dedicado primariamente à análise didática, Bion escreve seus livros e conduz suas supervisões com o objetivo de formar novos analistas.


A jornada de formação, segundo Bion, se desdobra em cinco etapas principais que podem ser identificadas nos títulos de suas obras: aprender, crescer, ser, não-ser e, por fim, a sabedoria.



Os Pilares da Formação


  1. Aprender: O primeiro pilar é “Aprender com a experiência”. A teoria psicanalítica, segundo Bion, permite nomear e dar sentido à experiência. Essa relação é tão crucial que ele utiliza uma adaptação da frase de Kant: “a experiência sem aprendizagem é cega, a aprendizagem sem experiência é vazia”. A prática clínica sem a teoria é cega, e a teoria sem a clínica é vazia. A experiência no divã é reconhecida por Bion como a experiência básica para a formação do analista.


  2. Crescer: A segunda etapa é o crescimento, sugerido em sua obra Transformações. Bion sugere que, após aprender, é hora de crescer. O crescimento, para ele, é um novo ponto de vista da aprendizagem, onde o analista desenvolve sua “função simbólica” para ver as mesmas coisas com “outros olhos”. É um processo de amadurecimento mútuo onde a experiência da alteridade e da diferença contribui tanto para o crescimento do analista quanto do paciente.


  3. Ser: O terceiro pilar, o “Ser” (“Being”), é a capacidade do analista de ter uma vida psíquica e se conectar com a “Realidade Última” na mente do paciente. Para Bion, isso exige uma “mudança catastrófica” no ser do analista, que passa a existir de uma nova maneira.


  4. Não-ser: A etapa do “não-ser” envolve o despojamento e a coragem de reconhecer a própria ignorância. Bion propõe que a psicanálise se debruce sobre a “Realidade Última Incognoscível”. Essa atitude de um saber não-dogmático é resumida em sua famosa proposta de trabalhar “ sem memória, sem desejo de compreensão”.


  5. Sabedoria: A última etapa da formação, que vem após o processo, é a sabedoria. Esse é um momento de humildade e reconhecimento dos próprios limites. O analista alcança um nível superior de sabedoria ao aceitar que não sabe. Isso o permite acolher o paciente sem julgamentos ou desejos, criando as condições ideais para a experiência do outro.


O Processo Contínuo de Formação

A formação segundo Bion não termina com o título, pois autoanálise e a reanálise são vistas como partes vitais do processo. A autoanálise é o ponto alto da formação, um sinal de que o analista desenvolveu a função analítica a ponto de poder exercê-la sobre si mesmo. A necessidade de reanálise, que pode surgir a qualquer momento, mostra que a formação é um processo contínuo e que a maturidade do analista o leva a reconhecer seus próprios limites

 
 
 

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