Grupos e Questões Técnicas: uma Perspectiva Psicanalítica

Por Silvana Souza SilvaBaseado em: Ávila, L. A. Questões Técnicas. In: Grupos: uma perspectiva psicanalítica. São Paulo: Zagodoni, 2016.

Trabalhar com grupos é sempre um desafio. Como lembrava Freud ao comparar a psicanálise ao jogo de xadrez, há regras para iniciar e encerrar, mas o que acontece no meio é imprevisível. Com os grupos não é diferente: cada encontro traz novas nuances, interações e movimentos.

O grupo como um todo

Um ponto central é que o grupo sempre antecede o indivíduo. Cada gesto, palavra ou silêncio é parte de uma rede maior. No entanto, existe sempre a tensão com as tendências individualistas e narcisistas, que podem fragilizar os vínculos e gerar rupturas.

O papel do coordenador

O coordenador precisa favorecer a coesão e estar atento a:

• como o grupo se forma e qual desejo compartilhado o une;

• o contrato inicial, equilibrando semelhanças e diferenças;

• as metas e objetivos que se transformam ao longo do tempo;

• as barreiras (narcisismo, hierarquias institucionais, rivalidades) e os riscos que ameaçam a continuidade.

Além disso, deve cuidar para que a comunicação seja fluida, multidirecional e capaz de sustentar o trabalho grupal.

Dinâmica viva

Os grupos, como organismos, nascem, crescem, mudam e também morrem. Ao longo de seu percurso, enfrentam competições, cisões e até a formação de subgrupos. A liderança e a contraliderança emergem como expressões das necessidades coletivas, e cabe ao coordenador interpretar seus efeitos.

O valor terapêutico dos grupos

O grupo é um espaço de aprendizagem e transformação. Nele compartilhamos experiências, enfrentamos resistências, criamos projetos e nos abrimos a mudanças. É também um lugar de cuidado, capaz de sustentar sofrimentos e promover crescimento psíquico.

Em última instância, os grupos são ferramentas de trabalho e transformação: é neles que realizamos potencialidades, elaboramos vínculos e aprendemos a viver coletivamente.