Pensamentos e Crenças Podem Interferir na Qualidade do Sono?
- Silvana Souza Silva

- 3 de set.
- 2 min de leitura
Você já ouviu frases como “Deus ajuda quem cedo madruga” ou que “quem dorme muito é preguiçoso”? Expressões como essas fazem parte da nossa cultura e, muitas vezes, moldam crenças que desvalorizam o sono. Vivemos em uma sociedade que funciona 24 horas por dia, e não é raro que o ato de dormir seja visto como perda de tempo ou como um sinal de baixa produtividade.
Mas será que esses pensamentos realmente fazem sentido? Ou podem estar prejudicando sua relação com o sono?

O impacto das crenças no sono
As crenças que carregamos sobre o mundo, as pessoas e nós mesmos são formadas ao longo da vida, a partir de experiências pessoais e da influência de pessoas significativas (Knapp e Beck, 2008). Essas ideias orientam a forma como nos comportamos e até como lidamos com nosso sono.
Na prática, isso significa que crenças distorcidas podem gerar comportamentos inadequados, dificultando a hora de dormir. Por exemplo, acreditar que “preciso dormir 8 horas exatas todas as noites” ou “se não dormir logo, não vou descansar o suficiente” aumenta a ansiedade e, paradoxalmente, atrapalha ainda mais o sono.
O ciclo da insônia e as crenças disfuncionais
Pessoas que sofrem de insônia muitas vezes relatam medo da hora de dormir, sensação de que nunca descansam o suficiente ou esforço para adormecer rapidamente. Esses pensamentos ativam um estado de alerta fisiológico (Hofmann, 2014), que provoca ansiedade, desconforto e dificuldade real para dormir.
Ou seja, não é apenas a falta de sono em si que mantém a insônia, mas também as crenças negativas que a acompanham.
Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar
Segundo a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I), o problema não está apenas na situação vivida, mas principalmente na interpretação que fazemos dela (Beck, 1964). Por isso, o foco do tratamento é desfazer crenças disfuncionais e substituí-las por informações realistas e saudáveis sobre o sono.
Uma das principais ferramentas utilizadas é a psicoeducação, que ajuda o paciente a compreender melhor seu próprio ritmo de sono, corrigindo concepções equivocadas e reduzindo a aversão ao ambiente de dormir.
Com técnicas específicas, a TCC-I ensina estratégias cognitivas eficazes para enfrentar a insônia, modificando hábitos inadequados e resgatando a ideia de que o sono é um processo biológico natural, e não um inimigo.
Conclusão
Pensamentos e crenças têm um papel fundamental na forma como lidamos com o sono. Quando distorcidos, podem gerar ansiedade e dificultar o descanso. Mas quando ressignificados, tornam-se aliados no processo de dormir bem.
O sono não é perda de tempo, e sim um pilar essencial para a saúde física, mental e emocional. Reconhecer isso é o primeiro passo para melhorar sua relação com ele.




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